Para todos que ainda acompanham o Sobre Amor e Outras Coisas (ou para quem ainda não sabe haha):
meu coração sangra
perdido em tantas escolhas
e as mil e uma possibilidades cegam os meus olhos
para o que eu deveria ver
e acabo violentada por essa escuridão
vermelha
que tira de mim
tudo que eu deveria ter
em meu labirinto, só resta o medo
mas
medo
de
que?
se sou jovem
e tenho a vida inteira pela frente
tenho vigor, beleza e inteligência
se tenho tudo o que dizem
e sou tudo o que dizem
se quero me alimentar com o que o mundo me oferece
se posso ser a mudança
se sou alguma coisa boa
porque tenho medo?!
de quê tenho medo?!
de hora em hora
escuto os gritos dos guerreiros (silenciosos) dentro de mim,
e é o assobio do vento que traz a resposta
(…)
e o meu corpo todo se arrepia
Eu sou feita de água,
de vento
ou de fogo
mas, nada em mim cria vínculos com a terra.
A minha alma percorre a imensidão do universo
sem a ele se abraçar
e quando o abraço,
algo em mim míngua.
Eu sou um espécime que foi feita para florescer
sem raiz,
e a minha força vem da
liberdade
de poder dar frutos
sem me prender
a nada.
Seus lindos olhos alaranjados assombram o meu coração
e sempre que te vejo há um quê de vermelhidão
que insiste em penetrar teus poros.
Mas, é natural teu.
Assim como é natural em mim
o medo do teu respirar.
Já sei que não há vértices de amor ou carinho
que solva nas águas do teu coração maldoso.
Feito pedra.
A verdade é que estavam certos quando diziam que
as tuas trevas engolem todo vestígio de luz.
Elas me engoliram.
O medo faz com que as minhas mãos se unam em uma oração
e, ainda assim,
tudo em mim se arrepia
com você.
Todos os dias eu fujo
e, ainda assim, estou aqui.
Queria voar pelos mares de impossibilidades que fantasio
e ter o teu colo para deitar
num estalar de dedos.
Mas, só tenho a mim.
Deveria bastar.
Mas, quando tento me abraçar
os meus braços se desintegram
e voltam a ser areia
carregada pelo vento.
(espero que, um dia, eu semeie pelo universo.)
SOBRE AMOR E OUTRAS COISAS. 